Eu ando por essas ruas com passos soltos Pessoas passam, apressam meu caminhar, Se há poesia no ar, flutua em bolhas de sabão, No sol que ilumina os murais Ou na nuvem que encobre o teu olhar
Se o carro joga detritos sobre o asfalto A chuva traz sempre à boca um sabor de manhã Meninos brincam sua infância Quem não a tem, chora a lembrança, Risos e dores se expõem Sob a nuvem que encobre o teu olhar
Lá, além da nuvem negra, Tem um céu pra se alcançar Basta só quebrar a regra Desatar o nó, deixar rolar,
A TV fala da violência e do medo Despeja desde a vitrine tudo o que há Mas um bem-te-vi vem cantar Mãos se entrelaçam nas praças Você não sente e nem vê Uma nuvem encobre o teu olhar
Debaixo do teu sapato há um gramado Entre o teu corpo e a brisa há um paletó Entre você e o menino Tem uma bola a rolar Você não sente e nem vê Uma nuvem encobre o teu olhar
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